Split, Cassete. Tiragem sem Limite.
No que toca a lançamentos Portugueses, e ainda mais em Cassete, vou tentando postar sob ordem de aquisição, salvo erro em algum caso.
Esta, não é muito diferente, lançamento de 2008, ano em que por cá veio parar. Este Split reúne temas relativos ao ano de 2004 por parte de Irae, e de 2007 por parte de Acceptus Noctifer.
Não é um lançamento raro, mas tendo em conta o formato, foge sempre à regularidade com que este aparece.
Na qualidade sonora, e falando de qualidade este é sem dúvida um excelente exemplo, dos poucos que me deram gosto e admiração pelo formato. Nota-se que é uma produção com boa qualidade, e nada bate isso, a não ser a péssima música, o que neste exemplo também não acontece.
Irae é sempre Irae, por onde quer que o vejamos, por onde quer que tentemos dar a volta à situação, será sempre baseado num som agressivo, mesquinho e num âmbito diabólico. Esta é a essência de Irae, e tem sido assim desde que conheço o projecto. Esta não foi a primeira vez que os ouvi, e por isso posso afirma-lo. O som para não variar, aproxima-se dessa mesma perspectiva, fazendo das faixas rápidas e recorrentes a uma velocidade partilhada pela bateria e guitarra. Na bateria, nunca vi um país a padecer tanto do mesmo som... Tudo me soa ao mesmo, era até capaz de ir mais longe e afirmar que os das bandas Portugueses que aqui já postei, têm todas o mesmo baterista. Sem qualquer originalidade nas faixas, jogando com duplo pedal e pratos para retirar o ritmo do esquecimento. Isto claro, não só numa faixa, mas em mais do que uma. No fundo, em todas as três faixas. Arrumando com esse pormenor menos positivo, apelo também à excelente passagem do baixo na segunda e melhor faixa de Irae ''Night of Holocaust'', neste Split, que eleva a qualidade da faixa para outro patamar, o da originalidade e criatividade. Tirando esse extra que dá brilho ao trabalho, podia também comentar as lentas e profundas guitarras que se manifestam vezes e vezes de forma muito simples, mas estaria a ir pelo mesmo caminho que fui com a bateria... O que não é verdade em Portugal!
Mas falando em guitarra, e agora sim, digo bem alto que Acceptus Noctifer é um dos melhores actos em Portugal e porquê? Bem, pela mesma razão que Dolentia e Tumulum o são, pela guitarra. Pela incrível criatividade imaginária da guitarra que é sempre um lufar de ar fresco no Black Metal, independentemente de já o termos ouvido vezes e vezes sem conta, a guitarra desenvolve um papel de extrema importância, e é preciso sabe-la acompanhar. Nisso, o projecto sabe o que faz, a bateria está em linha, apesar de -mais uma vez- parecer a mesma que em inúmeros outros projectos Portugueses, é trabalhada de forma lado-a-lado com toda a faixa, e isso faz com que tudo siga uma linhagem diferente.
''Worms Enchantress'' é sem dúvida a grande passagem de todo este Split, faixa de Acceptus Noctifer, e a que mais me surpreendeu. Adquiri este Split por Irae, pois já conhecia e sabia o que esperar, mas acabei e acabo por dar ainda mais valor ao lado de Acceptus Noctifer pela excelente qualidade depositada. No geral são vinte cinco minutos de boa música, com altos e baixos como tudo, mas sem dúvida duas excelentes faixas para o panorama Nacional que parecem ter fugido a muito boa gente!
Acceptus Noctifer (Portugal) & Irae (Portugal) - Contempt and Slander [2008]
Aryan Wind (USA) & Brumalis (USA) & Valhalla Saints (USA) - Darkness, Hatred and War [2006]
Versão normal, em CD!
Mais um lançamento Underground, bem lá do fundo. Um Split cheio da mensagem que é dirigida aos fãs, com orgulho e ódio, como já é habitual no NS Black Metal.
O disco é uma junção das bandas mais elementares na frente nacional da América do Norte. Aryan Wind, Brumalis e Valhalla Saints juntam alguns temas e lançam um excelente trabalho, embrulhado numa péssima produção de capa e conteúdos.
Claramente um CR-R, produção não profissional (O que já é casual nestes lançamentos), que mesmo a baixo custo merecia um desenvolvimento mais dedicado. Mas passando à música em si, a primeira parte é composta por ''Aryan Wind'', banda que já teve alguns lançamentos, e estria-se em junção com outros movimentos com as quatro primeiras faixas. Tal como noutros álbuns do projecto, uma voz profunda, forçada arrasta-se por entre a banalidade da bateria e a excelente guitarra/baixo. Mesmo para um artista que actua em todos os instrumentos, é mesmo na voz que menos qualidade é depositada, mas nada que não se oiça! Em todos os temas, a guitarra consegue sempre o lugar ao sol, com algumas marcas muito, mas muito positivas no baixo fazem da prestação de Aryan Wind mais do que decente nesta primeira parte do Split.
Para os Brumalis, a carreira começou exactamente com este Split. Foi o primeiro trabalho, aquele que lançou a banda a ser mais conhecida e logo aceite no meio. Esta segunda parte do Split é provavelmente das mais variadas que há, mas a qualidade passa por medíocre. Actualmente a banda é das três, a mais profissional, mas quando lançado o Split, era este o seu inicio, e para inicio é excelente. Quer a nível de qualidade sonora, quer na composição dos temas. Composição mais adulta, baseada também na muito boa prestação dos instrumentos de cordas, têm também uma bateria acertada e uma voz mais estável, o que torna tudo bem melhor. Perdem para a originalidade dos temas, que mereciam ser mais bem trabalhados!
Por último, a parte de Valhalla Saints, banda que não tem mais nenhum lançamento desde este Split de 2003, e parecem também não ter participado em mais nenhum acto. Embora o vocalista faça directamente parte de outros projectos. De som rasgado no ar, produção com uma qualidade decente, e muito pouca originalidade mas alguma vontade, Valhalla Saints encerram o Split, também com uma boa guitarra, com um grande desejo de aparecer! Estes últimos têm ainda uma cover de John Clifford, numa vertente totalmente Punk.
Ao todo pode não parecer, mas são apenas trinta e cinco minutos de música, com doze faixas nacionalistas Norte-Americanas. Não é uma grande referencia para o NSBM, mas não deixa de marcar presença.
Darkspace (Suíça) - Dark Space II [2006]
Versão normal, em CD!
Não podia adiar este segundo lançamento de Darkspace... Não para outro dia, semana ou mês. Teria que ser na mesma junção do primeiro disco, porque os acho extremamente parecidos. Acho-os envolventes de certa forma até ligados, o que não acontece com o terceiro trabalho, do qual falarei num futuro próximo.
Mais uma vez, tenho a versão re-lançada pela ''Avantgarde Music'', também em 2006, mas numa edição não limitada. Ou pelo menos não tão limitada.
Com um aspecto muito semelhante, num negro imersivo, desde o disco à capa, com um visual também idêntico, embora com uma mensagem diferente, sempre sombria.
O que parecia faltar no primeiro lançamento, é agora reposto, mas a dobrar. Reforçaram a bateria que está ainda mais alinhada com as guitarras, prova disso é a primeira faixa que se torna agressiva como nenhuma o foi até então. O sistema melódico passa a ser realizado pelo entoar das guitarras, e não podia ter saído melhor... Fazendo da primeira faixa uma melodia com pouco mais de vinte minutos. As teclas passam a ser uma ordem principal e secundária. Principal na segunda faixa, onde toda ela é instrumental, com cerca de dez minutos de ambiente sonoro, escuro e pouco visível. Aqui, em todo este perímetro ambiental as teclas alastram-se de forma suave e atmosférica, sem melodias, apenas numa longa corrente... E secundária porque não afecta a música de forma tão sinfónica ou melódica como no lançamento anterior. Já a terceira faixa, envolve umas guitarras ainda mais presentes, com uma bateria mais longitudinal... Fixando-se assim, e por fim, num longo final baseado ao vento da não existência. Mas é na primeira faixa, que Darkspace realmente percorre o grande momento neste trabalho. Não sei se é uma continuidade, ou se apenas depende de quem a ouvir, mas acredito que seja uma relação pessoal... Sempre que oiço o primeiro disco, sinto necessidade de recorrer ao segundo, para terminar esta orquestra sórdida e vazia. Ao ouvir o segundo, penso que o primeiro lançamento ganhe um passado, uma nova perspectiva... Mas não se justificava ter começado pelo segundo, ou seja, este.
''Dark Space II'' tem apenas três faixas, em quase cinquenta e cinco minutos de excelente actos. Com este final, posso pessoalmente concluir este acto, que começou exactamente na primeira faixa do primeiro disco da banda. Na terceira instalação do projecto, não achei que o mesmo ocorre-se, e daí não colocarei o post sobre ele tão cedo.
Ambos lançados em 2006, fazem destes dois discos essenciais para alguém que tem sempre mais curiosidade sobre o género, mas que não faz dele uma inovação, pois isto não inova nem muda, apenas envolve e transporta.
Darkspace (Suíça) - Dark Space I [2006]
Versão normal, em CD!
Se há projecto que sempre me intrigou, este é sem dúvida um deles. É uma mistura de muitas subjectividades que não é o dia-a-dia no Black Metal. Relembrando a infinidade do Universo, passando por uma dimensão não longe da nossa, mas desconhecida para a maior parte, Darkspace falam sobre o espaço, não de tempo, nem de lugar, mas de existência que por acréscimo faz referencia a muitas outras coisas.
Conheci Darkspace quando reparei no disco, totalmente preto, quer o layout, quer a parte de rodagem, são totalmente pretas, ou neste caso, e uma vez que o preto não é uma cor mas sim a ausência dela, o disco por ele já é um grande buraco negro.
Musicalmente falando, tem obrigatoriamente aquele fio que liga tudo aquilo que referi a cima, ao Black Metal, como é óbvio. Não agressivo e longe de ser um lançamento épico, eles bem que por lá andam... Darkspace não é de raíz um exemplo de Black Metal, é apenas levado a certas estruturas do mesmo, misturado com algo que lhe chamam ''Dark Metal''... Limpo as minhas mãos de qualquer subjugação. Longe de mim catalogar banda a banda, na sua mais íntima performance, pois isso a mim pouco me diz, mas e uma vez que tenho de ter a lista de forma organizada pelos géneros mais próximos dos apresentados, Darkspace ficará como Ambient Black Metal. Apesar de todo esse género estar sempre presente a um lado mais natural da existência, mais ''terrestre'' diga-se, não há propriamente um género para uma ou outra banda que falem sobre o espaço de forma literal e musical, daí que fica mesmo assim. Faz justiça ao som, lá isso faz.
Darkspace é um projecto Suíço, simples e sempre curioso, com uma linhagem autónoma nas guitarras e uma bateria acelerada. Contam com um sintetizador que vai criando um teclar atmosférico, quase mágico por entre toda a escuridão. Existem alguns momentos que nos levam a pensar que numa hora e dezasseis minutos, de sete faixas disponíveis, alguma será de extrema qualidade... Mas essa ''faixa desejada'' é apenas dividida por entre todas... De forma simples, não existe uma faixa melhor que a outra, pois todas representam o mesmo som, mudando alguns efeitos sonoros, como por exemplo, o brilhante final da quinta faixa, com um efeito sonoro digno de um filme. Falando em filmes, passagem também pelo filme ''A Space Odyssey'' onde foi retirado o dialogo para a primeira faixa. Mas voltando às atmosferas espaciais, de facto ''Dark Space I'' vai mostrando ao longo de álbum, certos picos de excelente qualidade, mas que não se repetem e muito menos perduram.
Ao terminar este trabalho, percebe-se de o porquê de as coisas terem sido feitas assim, e tudo na tentativa de evitar mais um lançamento com vertente sinfónica ou industrial. Pois são estes dois últimos elementos que dão uma chave diferencial aos temas, do inicio ao fim.
Este primeiro lançamento como álbum por inteiro do projecto, não é o melhor que eles já fizeram, mas é digno de registo no Black Metal, digno também de se acompanhar a banda em futuros lançamentos, como aqui farei, colocando os dois lançamentos a mais que neste momento existem.